Fabricante de dispalys para TVs LCD e smartphones, Corning usa platina e ródio para revestir tanques que usa para derreter o vidro
Investidores têm buscado os metais preciosos como um investimento seguro, impulsionando a cotação do ouro e da platina. Mas isso está causando problemas para empresas que usam os metais para fins industriais variados, como fabricação de máquinas para construção civil.
Os metais preciosos tendem a manter o valor mesmo quando a inflação e a incerteza econômica derrubam aplicações como ações e títulos. Isso tem gerado uma avalanche de aplicações em fundos negociados em bolsa, conhecidos pela sigla ETF. Esses fundos acompanham índices do mercado e oscilações na cotação do ouro e outros metais.
“Os ETFs estão apostando tudo nesse setor”, diz Jon Nadler, analista sênior da trading de metais Kitco Metals Inc. A US$ 1.828 a onça troy, a platina já subiu 20% em relação a um ano atrás. Muitos produtos de consumo final — como carros, eletrônicos e farmacêuticos — contêm platina ou a usam na fabricação, disse Nadler.
A Corning Inc. usa platina e ródio para revestir os tanques que usa para derreter o vidro que será empregado em aparelhos de TV e outros eletrônicos. Sediada em Corning, Estado de Nova York, a empresa armazenou US$ 2 bilhões em metais, principalmente platina e ródio, segundo o tesoureiro da empresa, Mark Rogus. O ródio, que não é negociado em bolsa, tem oscilado entre US$ 2.300 e US$ 2.925 a onça desde o início do ano passado, diz ele. Para reduzir o risco de uma escalada nos preços, a Corning fechou contratos de hedge que a permitem pagar cerca de US$ 2.300 a onça pelo ródio e entre US$ 1.400 e US$ 1.600 a onça pela platina.
“Nosso principal objetivo é garantir previsibilidade no preço, não especular”, diz Rogus. Mas a empresa pode ser prejudicada se a cotação de um dos dois metais ficar abaixo do preço que a Corning garantiu. “Adoraríamos comprar barato, mas não temos ilusões de que podemos ganhar do mercado”, diz ele.
Os pesquisadores da Corning têm explorado maneiras de depender menos dos metais ou encontrar substitutos, mas não têm tido muita sorte, diz Rogus.
A empresa descartou reajustar os preços que cobra dos clientes, eles mesmos arrochados pela alta dos custos e a falta de confiança dos consumidores. “Enfrentamos uma pressão de baixa no preço”, diz ele. “O mercado atual não nos permite repassar os custos maiores com metais.”
A cotação da prata subiu para mais de US$ 30 a onça troy, ante US$ 18 ano passado. Embora haja um superávit mundial de cerca de 5.000 toneladas de prata, a cotação do metal fechou o ano passado no nível mais alto em três décadas, diz Suki Cooper, uma analista de metais preciosos do Barclays Capital.
Dana Mattioli
Fonte: The Wall Street Journal